As vésperas de viajarmos para São Tomé das Letras-MG para nossa participação no Woodgothic, terminamos a mixagem e gravação de nosso novo CD. Como foi um processo bastante criativo e democrático, resolvemos explicar como foi a produção de cada música.
Vamos a elas então:
DESCONSTRUÇÃO: Música já presente no nosso CD anterior, "Radio-Graphia". Neste novo arranjo, aumentamos a velocidade de execução e o teclado aparece com um efeito (na versão anterior não existia). Usamos um efeito no vocal com a função de aumentar a sensação de urgência da música. Na outra versão, além de ser mais lenta, a furadeira de Marcos se limita a acompanhar a bateria. Nesta, ela faz contraponto com Eduardo dEUS e no final rola até um solo (de furadeira)! O contrabaixo com distorção, lógico!
VAZIOS DE PALAVRAS E INSTINTOS: Esta também é antiga, da fase em que o vocalista David tocava contrabaixo, ainda sem sintetizador! Esta versão (que já é executada há um bom tempo nos nossos shows) é mais quebrada. O teclado é bem definido, junto com o contrabaixo. Os vocais estão limpos e apesar de ser uma música pesada, procuramos deixar o som dos instrumentos bem colocados, deixando tudo bem nítido. Uma das mais distorcidas do CD!
CANÇÃO DE NINAR: Esta é nova! Letra de Marcos! A bateria é bem compassada, na linha das primeiras músicas do Velvet Underground (nós achamos). O vocal tem um efeito de eco bem interessante e o sintetizador tipo orgão. O contrabaixo acompanha a bateria, quase como um complemento dela. No final a letra fica repetindo como num mantra e o sintetizador distorce, criando uma sensação estranha.
INIMIGOS: Esta é a mais antiga de todas, tocamos ela desde a primeira formação da Modus. No CD, é a mais linear, por assim dizer. O arranjo é direto, com poucas notas e sem firulas. A peculiaridade desta música é que; de todas as gravadas; foi esta em que os efeitos de Marcos (neste caso, sons de objetos diversos) ficaram mais aparentes, servindo como "cereja no bolo"! O backing vocal é de Henrique, assim como a voz que fica repetindo a frase "Odeio você!"
SONÂMBULOS: Esta é a mais idiossincrática! O arranjo é bem Jazz, tem um swing, algo impensável de fazermos alguns anos atrás! Nós sempre gostamos de cantores antigos e esquecidos como Fernando Mendes e Evaldo Braga e esta música é algo bem nessa linha, não temos vergonha de admitir isso! A letra é cheia de imagens. O vocal também está limpo e a música é dividida em duas partes, bem distintas: uma mais lenta e outra mais pesada (ouvindo o contrabaixo e bateria, percebe-se a mudança brusca). São como as duas faces de uma moeda (que aparece girando no começo e no final da música).
HOMEME SEM SOMBRA: Do CD, esta é a nossa preferida (pelo menos de David e de Eduardo!). Mais uma música nova, letra de David. Uma sonoridade bem fastasmagórica, repleta de pausas que só aumentam o clima de terror e angústia! Na versão ao vivo, ela era executada com o acompanhamento de um metrônomo que era programado no antigo sintetizador, um Roland D 20, mas o equipamento sofreu danos irreversíveis! Resultado: o novo sintetizador (um Roland Juno D) não possui este recurso e a bateria, que antes realizava efeitos, acabou por marcar a música, mas de forma mais marcial. O vocal tem dois efeitos: um eco e outro que simula uma "voz de rádio", pois o arranjo e a ambientação da música pediam exatamente isso! A percussão de Marcos surge nos espaços vazios e o contrabaixo de Henrique usa um efeito bem complexo, onde o instrumento não soa como um baixo!
ESCOTOMAS CINTILANTES: A que encerra o CD. A história desta música é interessante: houve uma crítica a nossa apresentação no Nordeste Gothic Reunion sobre nosso som não ser "dançante". Então fizemos um arranjo "tecno" para uma música orgânica, que ficou bem interessante! A bateria é bem ritmada, o contrabaixo tem algumas distorções pesadas e a percussão metálica combina sons e furadeira. A letra fala sobre uma pessoa que enlouquece no meio de uma rave, mas de forma gradativa. No final da música, apenas o caos e a loucura!
EU SOU O RIO: Esta não vai estar no CD, só no My Space e no tributo a banda Black Future, a ser produzido e lançado no Rio de Janeiro, com bandas do Brasil inteiro. Usamos as mesmas notas da música original, porém distorcemos os timbres, adicionamos peso e colocamos uma bateria mais tribal! Construimos um sampler com a voz de Cartola e Zé Kéti (que a letra cita), este sampler fica rolando durante toda a música, causando uma sensação de desconforto e irritação (proposital). Escolhemos esta música do Black Future por um motivo simples: as outras já eram insanas e esta era mais tradicional, por isso poderíamos mudar completamente o clima da música, algo que se fosse feito nas outras, seria redundante.
Nossos agradecimentos ao Mestre Deja (Estúdio MD) que se esforçou ao máximo para nos ajudar a conseguir o resultado brilhante deste trabalho, onde chagamos ao ponto de utilizar 2 horas em certas músicas para atingirmos os timbres que queríamos! Obrigado Deja!!!
-Estúdio MD (Dejanilson Marinho): Gravações, ensaios, transformação de Vinil p/CD, VHS p/DVD.
3328-1965 / 8743-3856
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